Um estudo pioneiro sobre a carga da Insuficiência Cardíaca (IC) em Portugal Continental revela que, em 2036, as mortes por esta patologia vão aumentar 73% face a 2014, considerando apenas o envelhecimento populacional. As projeções preveem, também, um aumento de 28% no número de anos de vida perdidos devido à IC – o que corresponde a 16,8 mil anos por morte prematura e 10,3 mil anos devido à incapacidade gerada pela doença.
Desenvolvido pelo CEMBE (Centro de Investigação de Medicina Baseada na Evidência), em colaboração com o Centro de Estudos Aplicados da Faculdade de Economia e Gestão da Universidade Católica e com o apoio da Novartis, o projeto contou com a participação de investigadores da Unidade de Cuidados de Saúde Personalizada dos Olivais, da Unidade de Insuficiência Cardíaca do Departamento de Medicina Interna e Hospital de Dia do Hospital de São Francisco Xavier e da faculdade de Medicina da Universidade Nova de Lisboa.
De forma a conhecermos as implicações destas projeções na sociedade e no sistema de saúde em Portugal, entrevistámos o Professor Miguel Gouveia, economista, professor da Universidade Católica e um dos investigadores com um papel predominante no desenvolvimento deste estudo.
Os resultados do estudo sobre a Carga da Insuficiência Cardíaca em Portugal Continental, realizado pelo CEMBE e parceiros, revelam que as mortes por IC vão aumentar 73% em 2036, considerando apenas o envelhecimento da população. Quais as principais implicações que estes resultados poderão ter para a economia portuguesa?
Os custos com o sistema de saúde irão crescer, o que de alguma forma é equivalente a ficarmos mais pobres, aumentando a necessidade de recursos que também são necessários noutras áreas da saúde e na proteção social em geral, como é o caso das pensões.
Qual o impacto que o aumento do número de anos de vida perdidos, gerados pela IC – por incapacidade do doente, ou risco de morte prematura –, pode ter na sociedade portuguesa?
O impacto será sentido como uma redução da saúde da população, em particular da população acima dos 50 anos de idade. Esta redução toma também a forma de um aumento da perceção de risco em geral associado a problemas de saúde, o que poderá ter um impacto muito para além das pessoas que acabam por ter IC.
De que forma é que o sistema de saúde pode intervir para evitar estes resultados?
Evitar totalmente estes resultados será difícil, mas será, pelo menos, possível mitigar as consequências negativas, combatendo a progressão da doença para estádios mais graves com bons cuidados de saúde, incluindo o melhor uso do arsenal terapêutico à disposição dos profissionais de saúde – arsenal esse em que a Novartis tem um lugar proeminente.
Qual a importância da geração desta evidência para a tomada de decisões que possam melhorar a forma como gerimos a IC?
Penso que ter uma ideia global e precisa da dimensão de um problema de saúde, quer na vertente económica, quer na vertente do bem-estar da população, ajuda a focar as políticas de saúde e a definir as prioridades. Ajuda, também, a separar o essencial do acessório e a lidar melhor com os problemas realmente importantes.
Este estudo contou com o apoio de uma bolsa de investigação da Novartis. De que forma é que avalia o papel que a Companhia desempenha no desenvolvimento e investigação da Insuficiência Cardíaca?
Este estudo, que acreditamos ter aspetos pioneiros no contexto português, foi apoiado por financiamento da Novartis, pelo qual estamos gratos. Sem esse financiamento, o estudo não teria sido possível. Naturalmente, o interesse da Novartis nesta área não é independente da sua atividade como empresa farmacêutica, mas a preocupação e o investimento na geração de evidência relevante para a definição de políticas de saúde, não podem deixar de ser vistos como um esforço “above and beyond the call of duty” como diriam os anglo-saxónicos. É certamente um mérito a reconhecer justamente à Novartis.
A insuficiência cardíaca é uma situação clínica debilitante e potencialmente fatal, em que o coração não consegue bombear sangue suficiente para todo o corpo. Sintomas como dificuldade em respirar (dispneia), fadiga e retenção de líquidos podem surgir lentamente e agravar-se ao longo do tempo, com um impacto significativo na qualidade de vida1 2. A IC é um problema significativo e crescente de saúde pública com uma elevada necessidade terapêutica. Em cada ano, a IC tem um impacto de 108 mil milhões de dólares/ano na economia mundial, sendo que 60-70% destes custos são relativos a hospitalizações3 4. Apesar das terapêuticas disponíveis, a mortalidade permanece muito elevada com mais de 50% dos doentes a não sobreviver nos cinco anos após o diagnóstico de insuficiência cardíaca.5 6 7
Conheça mais resultados sobre este estudo aqui. (PDF, 1.57 MB)